domingo, 7 de setembro de 2008

TROVAS PATRONAS ACADÊMICAS MINEIRAS

TROVAS PATRONAS ACADÊMICAS MINEIRAS

*01-CÂNDIDO UBALDO GONÇALVES
*02-VICENTE DE CARVALHO
*03-PLÍNIO MOTTA
*04-ALPHONSUS DE GUIMARÃES
*05-EUGÊNIO RUBIÃO
*06-ANTÔNIO SALES
*07-CASTRO ALVES
*08-JUVENAL GALENO
*09-EDELWEIS BARCELOS
*10-ABÍLIO BARRETO
*11-CASSIMIRO DE ABREU
*12-FAGUNDES VARELA
*13-CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
*14-PADRE CORREIA DE ALMEIDA
*1º Ocupante Fundador da Cadeira 14:José Lucas Filho
*15-GREGÓRIO DE MATOS GUERRA
*16-DOMINGOS CALDAS BARBOSA
*17-BRITO MACHADO
*18-B. LOPES
*19-SILVA ALVARENGA
*20-LINDOLFO GOMES
*21-ROCHA RAMOS
*22-JORGE BELTRÃO
*23-JOSÉ VALERIANO RODRIGUES
*24-ZENÍLIA PAIXÃO
*25-JOÃO MACIEL DE OLIVEIRA
*26-GRAZIELLA LÍDIA MONTEIRO
*27-JOSÉ CAPANEMA
*28-CARLOS DE ALENCAR
*29-CÉLIO GRUNEWALD
*30-SYLVIO MIRAGLIA
*31-DJALMA ANDRADE
*32-BENEDITO MACHADO HOMEM
*33-RITA DE CÁSSIA DE ANDRADE NETO
*34-ODETE DONAH(Olímpia Duarte Caldas)
*35-ZILDA NOVAES
*36-LUIZ OTÁVIO
*37-ADELMAR TAVARES
*38-LILINHA FERNANDES
*39-JOÃO RANGEL COELHO
*40-CARLOS GUIMARÃES
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TROVAS PATRONAS ACADÊMICAS MINEIRAS

CADEIRA*01-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
01-CÂNDIDO UBALDO GONÇALVES
[...]

---***---

CADEIRA*02-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
02-VICENTE DE CARVALHO

Mal sabes que tu desprezas
os olhos com que te sigo,
que meus olhares são rezas
ditas baixinho, comigo.

Haverá queixa mais justa
que a do feliz que se queixa?
Ai, o bem que menos custa
custa a saudade que deixa.

---***---


CADEIRA*03-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
03-PLÍNIO MOTTA

Amor é igual a uma seta
lançada sem direção!...
não tem alvo, não tem meta,
não escolhe coração.

---***---


CADEIRA*04-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
04-ALPHONSUS DE GUIMARÃES

Poeta simbolista (1870 – 1921),
autor de Kyriale e Dona Mística.
O alto teor místico de sua obra,
o faz o maior do gênero no Brasil.

“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...”

“O coqueiro, todo em palmas,
Beija o cinamomo em flor...
-Imagem das nossas almas
Unidas no mesmo amor!”

---***---

CADEIRA*05-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
05-EUGÊNIO RUBIÃO

A saudade é linda prece
que se reza todo dia;
mas o rosário mais cresce
para o infeliz que o desfia.

Em teu desejo persiste,
nada, porém, realizes:
que não há nada mais triste
que o bocejo dos felizes.

A viola é uma menina,
mas tem capricho, hás-de crer:
arrufa-se e desafina
na alegria e no prazer.

Devagar, devagarinho,
em silêncio e sem alarde,
na doçura do caminho
desata a rosa da tarde...

Um ano vai, vem outro ano;
mas de sofrer já se cansa:
cresce o DEVE desengano,
morre o HAVER esperança!

---***---

CADEIRA*06-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
06-ANTÔNIO SALES

_Passa na estrada um camelo
e um corcunda palpitante
de alegria, disse ao vê-lo:
_"Mas que animal elegante!"
***
Um demagogo exemplar,
Com uma violência louca,
Levou a vida a clamar,
E só deixou de gritar,
Quando lhe encheram a boca!

---***---

CADEIRA*07-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
07-CASTRO ALVES

Castro Alves (romântico):

As nuvens ajoelhadas
nos claustros ermos e vãos
passam as contas doiradas
das estrelas pelas mãos!

Na hora em que a terra dorme
enrolada em frios véus,
eu ouço uma reza enorme
enchendo o abismo dos céus...


---***---


CADEIRA*08-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
08-JUVENAL GALENO


Do que vem após a morte
que mais me causa aflição
é o ouro na CAIXA forte
e pequeninos sem pão.

O lar é sempre mansão,
que o Céu garante e ilumina,
dentro da qual toda mãe,
é um anjo da Luz Divina.

Quando a paixão toma vulto,
em qualquer causa do mundo,
o juízo das pessoas,
sai pela porta dos fundos.

Morte não vale ao caminho,
de quem não quer melhorá-lo...
O freio talhado em ouro,
em nada altera o cavalo.

---***---


CADEIRA*09-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
09-EDELWEIS BARCELOS
[...]


---***---


CADEIRA*10-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
10-ABÍLIO BARRETO
[...]


---***---


CADEIRA*11-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
11-CASSIMIRO DE ABREU
[...]


---***---


CADEIRA*12-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
12-FAGUNDES VARELA

A mais tremenda das armas
pior do que a durindana,
atende, meus bons amigos,
se apelida – a língua humana.

---***---


CADEIRA*13-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
13-CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

Qualquer frase acerba e dura
que ela me atira, eu sorrio;
pois encerra tal doçura,
que parece um elogio.

“Qual seria o anel do poeta,
se o poeta fosse um doutor
Uma saudade brilhando
na cravação de uma dor...”

"Escute: eu sou o Catulo
e Catulo da Paixão
sou cearense no nome
mas nasci no Maranhão"

---***---


CADEIRA*14-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
14-PADRE CORREIA DE ALMEIDA

Dedicatória:
— É esta a cara cediça
do tal Corrêa de Almeida:
é padre que não diz missa,
poeta — sem ter Eneida...

---***---

1º Ocupante Fundador da Cadeira 14:
JOSÉ LUCAS FILHO

Pensei que o amor esfriasse
a chama do amor de outrora,
mas vejo um sol que renasce
a cada romper da aurora.

---***---


CADEIRA*15-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
15-GREGÓRIO DE MATOS GUERRA

TROVA:
O demo a viver se exponha,
por mais que a fama a exalta,
numa cidade onde falta
verdade, honra, vergonha.

EPIGRAMA:
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

---***---
EPIGRAMA:
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

TROVA:
Notável desaventura
de um povo néscio e sandeu,
que não sabe que perdeu
negócio, ambição, usura.

---***---
EPIGRAMA:
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem , que a todos assusta?... Injusta.

TROVA:
Valha-nos Deus, o que custa
o que El-Rei nos dá de graça.
que anda a Justiça na praça
bastarda, vendida, injusta.
---***---
EPIGRAMA:
O açúcar já acabou?,,, Baixou.
E o dinheiro se extinguiu? Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.

A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.

TROVA:
Quem haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre,
por ver-se mísera e pobre,
não pode, não quer, não vence.
---***---

CADEIRA*16-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
16-DOMINGOS CALDAS BARBOSA(o poeta da viola, da modinha e do lundu”)

“Este lundum me dá vida...
Quando o vejo assim dançar;
Mas temo se continua,
que lundum me há de matar.”

---***---

CADEIRA*17-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
17-BRITO MACHADO
[...]

---***---

CADEIRA*18-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
18-B. LOPES(- Poeta Simbolista Brasileiro, autor do valioso livro de sonetilhos com temas campesinos: Cromos .1893)

[...]

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CADEIRA*19-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
19-SILVA ALVARENGA(Manuel Ignácio da Silva Alvarenga- *Vila Rica, 1749 — †Rio de Janeiro, 1814.)



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CADEIRA*20-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
20-LINDOLFO GOMES

Felicidade, em seu ninho,
maravilhosa vibrava
nas orações de um velhinho
que nada mais desejava...


---***---


CADEIRA*21-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
21-ROCHA RAMOS

Na vida, quem quer brilhar
Enfrenta estrada de espinho:
Nem sempre ao melhor lugar
Nos leva o melhor caminho.

---***---


CADEIRA*22-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:

22-JORGE BELTRÃO

Que tristeza vem do amor
quando nosso coração,
reza, em lágrimas de dor,
a prece da ingratidão.


---***---


CADEIRA*23-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
23-JOSÉ VALERIANO RODRIGUES

O tempo de uma saudade
não tem exata medida
e parece a eternidade
dentro do tempo da vida.

A mentira vai depressa
e a verdade - devagar,
mas esta vai e regressa
e aquela...teme voltar.

Tem ideal mais profundo
quem, nesta vida, a cha o dom
de poder tirar do mundo
somente aquilo que é bom.

Embora de haste cortada
ainda perfuma a flor,
tal qual a TROVA falada
quando é morte o Trovador.

Essa distância que existe
separando os homens faz,
a humanidade mais triste
dentro de um mundo sem paz.

Ao ver a mãe que se entrega
a seu filho, com desvelo,
dobro o louvor à mãe cega
que o acalanta sem vê-lo.

Planta uma árvore e repara
o exemplo que ela oferece:
vai dar fruto à mão avara
e sombra a quem não merece.

Vi a lua refletida
nos olhos da minha amada
era uma lua tremida
numa lágrima rolada.

Esperança- bem que o pobre
não pode nunca perder.
é com ela que descobre
o mistério dxe viver.

Para o encontro da esperança
eu procuro, num segundo,
ser apenas a criança
que acreditava no mundo.

---***---

CADEIRA*24-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
24-ZENÍLIA PAIXÃO

De nosso encontro marcado
não sei o que mais errou;
se quem chegou atrasado,
ou quem nem tarde tarde chegou.

Uma estrela cintilante,
para chamar a atenção,
pôs um colar de brilhante]
e virou constelação.

O luar da minha infância
ficou na minha saudade;
quanto maior a distância,
mais intensa a claridade.

Toda a humana inteligência
em estrutura e grandeza,
resplandece n aopulência
que há na Língua Portuguesa.

Se jamais tive a ventura
de uma afeição verdadeira,
um momento de ternura
valeu-me a existência inteira.

A lua, mulher formosa,
espera a noite chegar,
pra mirar-se presunçosa
no espelho verde do mar.

Passou a felicidade
e também a desventura.
só não passou a saudade
dos momentos de ternura

No mar azul dos teus olhos
-Esse remanso profundo-
Afoguei os meus abrolhos
e reflori neste mundo.

Clareando toda a mata
o luar de minha terra
é como um manto de prata
nos ombros negros da serra.

Algo de grande acontece,
quando surge uma esperança;
transforma o lamento em prece
e a alma se faz criança.

É suave a voz do sino,
anunciando o natal;
que nos traga o Deus-Menino
uma paz universal

Muito alegre descobri
depois de tanto sofrer
-Se tivesse o que perdi
pior seria meu viver.

Martírio é o preço da glória,
que nos legou Turadentes;
valor máximo da História
dos Heróis Inconfidentes.

---***---

CADEIRA*25-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
25-JOÃO MACIEL DE OLIVEIRA
[...]


---***---

CADEIRA*26-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
26-GRAZIELLA LÍDIA MONTEIRO

No meu poema de amor,
Trova é curto telegrama:
encerra todo calor,
não fala muito quem ama...

Na esperança que se adia,
eu luto nem sei porquê...
Minha vida mais vazia...
Por onde anda você?

Um mundo de reticências,
foi teu amor, minha Amada,
palavras sem conseqüências:
mas...porém...contudo...nada!

Na madrugada indormida
juntei ternura aos pedaços,
cada remendo da vida,
tinha linha de teus traços.

Fraternidade sugere,
amor que tudo perdoa:
a palavra que não fere,
o gesto que não magoa.

Solteirona, a infeliz,
viu sua casa assaltada,
ladrão levou o que quis,
menos a pobre coitada!

Tire a luz dos olhos meus,
até mesmo a mocidade,
leve meus sonhos, meu Deus,
mas me deixe a liberdade.

És o meu verso primeiro,
rima eterna de harmonia,
vou de janeiro a janeiro,
te bendizendo Maria,

Os descontentes da sorte,
vivem em queixa sentida,
mas quando é chegada a morte,
pedem mais tempo de vida.

---***---


CADEIRA*27-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
27-JOSÉ CAPANEMA

A vida é um circo. Os artistas
têm suas glórias e fracassos,
se faltam bons trapezistas
sobram feras e palhaços.

---***---

CADEIRA*28-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
28-CARLOS DE ALENCAR

Não mais escrevo o que digo,
tampouco digo o que escrevo.
Sou de palavras mendigo,
e nunca falo...o que devo.

É mulher tão tagarela,
que no carro não demora
a fazer, sem mais aquela,
dez mil palavras...por hora!

Sem ilusão não tem graça
a vida que nós levamos.
cada ilusão é qie passa
o pesar que carregamos.

Morena ou loura mimosa,
que embelezam nossas ruas,
não sei qual a mais famosa:
-sendo assim...escolho as duas.

Dei-te muito amor e em paga
teu desprezo recebi;
e, nessa dor que eme esmaga,
ainda gosto de ti!...

Quisera fosse meu canto,
como um hino de esperanças
e servisse de acalanto
para todas as crianças.

Aos amigos preferidos
Perguntei:-Que mais se quer?
Responderam decididos:
-O que é bom mesmo, é mulher!

Se mulher fosse dinheiro,
ouro que tudo realça,
o mundo estaria inteiro
cheinho de nota falsa.

Cuida que tua alegria
não incomode a ninguém:
sentir-se alegre hoje em dia
é coisa rara em alguém.

Se não queres ver morrer
do matrimônio o vigor,
três coisas há de ele ter:
muito amor, amor, amor...

Vou morar em Lambari...
“Lá sou amigo do rei”
terei a vida que eu quero,
na casa que escolherei.

---***---


CADEIRA*29-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
29-CÉLIO GRUNEWALD

Quando a justiça nos choca
e a verdade é inconsistente,
há sempre um sino que toca
na consciência da gente.

Vi minha sogra, pelada,
saindo do quarto escuro.
Sonambulismo que nada...
Sem vergonhice no duro!...

Só duas vezes a Estela
traiu o pobre do João:
- uma vez com o sentinela,
outra vez, com o batalhão!...

Todos os picos da serra,
nos Andes... nos Pirineus,
são dedos grandes da Terra
mostrando a casa de Deus!

Teu beijo de despedida
carregou dentro do adeus
os sonhos da minha vida
e a vida dos sonhos meus!
---***---


CADEIRA*30-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
30-SYLVIO MIRAGLIA

[...]

---***---

CADEIRA*31-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
31-DJALMA ANDRADE

Em 1917, Djalma Andrade
lançou a obra Trovas Cívicas.
Para celebrar o cinqüentenário
de Belo Horizonte, começou a escrever,
em 1947, uma série de crônicas intituladas
– História Alegre de Belo Horizonte,
que acabou se tornando um grande sucesso
durante vários anos no jornal Estado de Minas.

“De todas que amei no mundo,
uma, somente, ficou:
deixou um traço mais fundo
quem mais de leve passou.”

“A saudade é luz da lua,
luz que a tristeza gelou,
a iluminar os caminhos
por onde o sol já passou.”

“Tenho medo, faço alarme,
se ela hoje me sorri.
Aos oitenta anos quer dar-me
o que aos vinte lhe pedi...”

Que alegria suavbe e doce
na clara luz matinal!
brilha o sol, como se fosse
um pandeiro de cristal.

As calças do Padre Cura
e as da Maria de tal,
quando o demônio as mistura
dançam samba no varal.

Tua modista, senhora,
mostrou ter grande talento,
prendendo um chapéu de plimas
numa cabeça de ventos.

Viúva de andar esquivo
com seu vago olhar absorto,
eu vivo pensando, vivo,
na vida que deste ao morto.

Vai o tempo, em correria,
tangendo com duro açoite,
o potro branco da luz
e o corcel negro da noite.

A dor, por maior que seja,
se comprime e se contrai:
-Eu nunca vi dor no mundo
que não coubesse em um ai.

Com setenta anos de idade
o velho se confessou...
Pecado? Não! Só vaidade
de dizer que já pecou.

Os meus castelos são lindos,
vê-los por terra me dói:
-Passa uma saia e os construo,
passa outra saia e os destrói.

Hoje, só sedas consome
essa morena supimpa:
-Depois que sujou seu nome
é que ela vive mais limpa.

Vendo-te , vem –me à lembrança...
tudo que leva ao pecado:
-Um quarto, um leito de penas,
um lampião apagado.

Quando eu penso em ti, eu penso
tão alto, com tal tormento,
que chego a temer que os outros
escutem meu pensamento.

Numa vela se resume
toda a luz que o morto leva:
-Ninguém vê que é pouco lume
para o tamanho da treva.

Todo teu corpo estremece
Se te falo: -Que doidice!
Que dirás se eu te dissesse
tudo aquilo que eu não disse?

Tive sede...Com teu beijo,
quis matá-la e foi pior:
_Depois de morto o desejo,
veio um desejo maior.

---***---

CADEIRA*32-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
32-BENEDITO MACHADO HOMEM

Dizem que amor alimenta.
(Que diabo sem valor!)
-Quanto mais o nosso aumenta,
mais tenho fome de amor.

Até a cobra põe ovo,
ave, peixe, jacaré,
mas, segundo afirma o povo,
Colombo pôs ovo em pé.

---***---

CADEIRA*33-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
33-RITA DE CÁSSIA DE ANDRADE NETO

Quem sabe viver feliz
entre lutas e trabalhos,
da vida sempre bendiz
mesmo os mais ínvios atalhos.


---***---

CADEIRA*34-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
34-ODETE DONAH(Olímpia Duarte Caldas)

Pelo caminho da vida
de duras pedras, calçado,
vou deixando, adormecida,
a saudade do passado.

“Bruma Seca”, simbolizas
tanta coisa em minha vida:
-a fé, a crença e a ventura
e esta saudade dorida.

Contemplando a caminhada
que fiz e que atrás deixei,
debrucei-me sobre a vida,
e, de saudades, chorei.

A esperança, na leveza
de suas asas sutis,
tudo transforma em beleza,
em manhãs primaveris.

Não gosto de ver o adeus,
do sol num entardecer:
-Lembro-me dos sonhos meus,
um por um, que vi morrer.

Saudade, luz esfumada,
que, ao longe, vejo pairar,
creio que vens da balada
de uma noite de luar.

O sol, na sua beleza,
já domina o azul dos céus,
recriando a natureza,
dando ajuda à mão de Deus.

Quiesera ter o prazer
que todo troveiro tem,
de ver na boca do povo
as minhas trovas também.

A vida, o amor... tudo passa.
A glória passa também.
E, do que passa, só fica
a dor que disso nos vem.

Eu bendigo a mão de Deus,
essa mão divina e boa
que, do infinito dos céus,
guia o cisne na lagoa.

---***---

CADEIRA*35-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
35-ZILDA NOVAES

As suas mãos enrugadas
às minhas se entrelaçaram,
lembrando emoções passadas
que em nossas almas ficaram.

Ó mulher, bendita seja,
se trazes no ventre um filho,
é como a flor que viceja
doando à vda mais brilho.

Primavera é um poema
feito pela natureza,
sobre a terra um diadema
de encantadora beleza.

Em nossa vida cansada,
esperamos que desponte,
como o sol na madrugada,
a luz em nosso horizonte.

Neste teu olhar brejeiro
de meiguice misturado,
sou um feliz prisioneiro
em teu amor algemado.

Pálidas folhas caídas
quando do inverno ao rigor...
são quais ilusões perdidas
de quem não eteve um amor.

O verdadeiro poeta
com sua alma de cristal,
ao sentimento de esteta
torna-se sempre imortal.

Pobre escravo na senzala,
nos pés, pesados grilhões,
a dor em seu peito cala,
morrem nele as ilusões.

Revendo nosso passado,
no velho arquivo, encontrei,
aquele beijo roubado
e de saudades chorei.

Uma cantiga dolente
pela estrada vou cantando,
cantando pra mim somente,
meu coração escutando.

Vento agitando a cortina
da minha sala de estar,
faz-me lembrar a campina
em seu verdoso ondular.

Não há carícia mais bela
que nos fica na lembrança
e, talvez, a mais singela:
o sorrir de uma criança.

Numa síntese escorreita,
fala de mágoa e de amor
e faz a trova perfeita
o poeta trovador.

Linda tela coorida,
feita pelo Criador,
é a primavera querida
em seu sublime esplendor.

Em nosso saber profundo,
a realidade comprova,
não há ninguém neste mundo
que não goste de uma trova.


---***---


CADEIRA*36-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
36-LUIZ OTÁVIO

01
A Trova tomou-me inteiro,
tão amada e repetida,
que agora traça o roteiro
das horas da minha vida!...
02
Quer ser feliz? Então siga
a minha vida bizarra
que tem muito de formiga
e ainda mais de cigarra...
03
Festejo tanto e bendigo
vitórias que os outros têm,
que a vitória de um amigo
parece minha também!
04
Dizes que és pobre e eu, coitado,
inveja tenho de ti:
--tens tua mãe ao teu lado
e a minha, eu nem conheci!...
05
Telefono... sempre em ânsia...
e ao ouvir a tua voz,
sinto que a longa distância
fica menor entre nós...
06
Tirem-me tudo que tenho,
neguem-me todo o valor!
--Numa glória só me empenho:
a de humilde trovador...
07
Nessas angústias que oprimem,
que trazem o medo e o pranto,
há gritos que nada exprimem,
silêncios que dizem tanto!
08
Eu...você...as confidências...
O amor que, intenso, cresceu...
O resto são reticências
que a própria vida escreveu...
09
Ele cai...não retrocede!...
continua até sozinho...
que a fibra também se mede
pelas quedas no caminho!
10
Na vida tanta promessa,
tanto anseio de subir!
--E a ventura mal começa,
vem a hora de partir...
11
Sou como aquela palmeira,
sozinha, no alto do monte:
--Uma eterna prisioneira
olhando, triste, o horizonte...
12
Duas vidas todos temos,
muitas vezes sem saber:
a vida que nós vivemos
e a que sonhamos viver.
13
Beijos de mãe...filha...esposa,
tantos beijos ganha a gente!
--Como pode a mesma cois
ter sabor tão diferente!...
14
O mar nos deu a receita
de um viver sábio, fecundo:
sendo salgado, ele aceita
as águas doces do mundo!
15
Desconfio que a saudade
não gosta de ti, meu bem:
quando tu vens, ela vai...
quando tu vais, ela vem!
16
Não sei qual pior ferida,
qual o maior padecer:
se viver sem sonho a vida
ou se sonhar, sem viver.
17
Sou como a cana do engenho...
Quem dera que assim não fosse!
Quanto mais dores eu tenho,
o meu cantar sai mais doce!
18
Quero falar...retrocedo...
pois tenho um pavor medonho
de que ao contar meu segredo
você destrua o meu sonho!
19
Às vezes o mar bravio
dá-nos lição engenhosa:
afunda um grande navio,
deixa boiar uma rosa!
20
Meus sentimentos diversos
prendo em poemas pequenos.
Quem na vida deixa versos,
parece que morre menos.
21
Fiz o bem na vida, a esmo,
sem sequer olhar a quem...
E, esquecendo de mim mesmo,
fiz a mim o melhor bem!
22
Ó santa e doce morena,
ó mãe que eu não conheci,
esta tristeza... esta pena...
eu julgo que vem daí!...
23
De todo lado jogado,
desde os tempos de menino,
eu acho até engraçado
meu destino sem destino...
24
Plantei roseiras, outrora,
sem almejar o dono...
E sou bem feliz, agora,
colhendo rosas no outono.
25
Que estranha fatalidade,
grande amor de minha vida,
mesmo em forma de saudade,
és presença proibida!...
26
Um suplício que me aterra
e me torna quase incréu:
ter de perder-te na terra
para assim ganhar o Céu...
27
No Céu, em vida mais bela,
na terra, seja onde for,
se eu estiver longe dela,
é tudp Inferno, Senhor!...
28
Em dois versos se resume
a nossa esplêndida história:
-- amor que é sonho e perfume!
-- amor que é cruz e que é glória!
29
Este amor que não buscamos,
amor -- castigo e troféu,
se tem espinhos nos ramos,
tem flores que vêm do Céu!...
30
Contradição singular
que angustia o meu viver:
a ventura de te achar
e o medo de te perder.
31
Não pàras quase ao meu lado...
e em cada tua partida,
eu sinto que sou roubado
num pouco da minha vida...
32
Minha alma tanto se eleva,
carrego tão bem a cruz,
que este abandono que é treva,
tem desperdícios de luz!
33
Rusgas tolas, falta o senso,
não falo, não telefono...
E esse nosso orgulho imenso
é causa deste abandono.
34
Abandonada, esquecida,
sem amor, sem ter ninguém,
vai rolando, até que a vida
não a queira mais também...
35
A minha esposa... o meu Lar...
Os meus livros... meu filhinho...
-- Tu jamais hás de encontrar
ventura igual noutro ninho!
36
Mocinha, que reza tanto,
-- devota de Santo Antônio --
traz sempre um olho no santo
e o outro no matrimônio...
37
Mulher que não faz questão
de o corpo muito ocultar,
geralmente tem razão:
nada mais pode mostrar...
38
Tem amor e tolerância!
Não julgues assim a esmo!
Pois, na mesma circunstância,
talvez fizesses o mesmo.
39
Toma cuidado, poeta,
com teu sentir mais profundo.
-- A trova é muito indiscreta!
Conta tudo a todo mundo...
40
Amor -- sentimento forte!
Palavra odiada e querida...
Se é causa de tanta morte,
é a própria razão da Vida!...
41
Saveiros, que vêm de volta,
que eu vejo do alto do monte,
são pipas que a Tarde solta
com a linha do Horizonte...
42
Amarga insatisfação
que só desejo nos dá
de ter o que não se tem,
de estar onde não se está...
43
"Pequena" -- dizem zangados,
muitas vezes com desdém.
-- Nunca saberão -- coitados! --
que grandeza a trova tem!
44
Natal... ternura... poesia...
Vem o amor... e foge o mal...
-- Quem dera que todo dia
fosse dia de Natal!...
45
Tu gostas do que não gosto...
-- E eu sofro por ser assim! --
--Vou ver se de mim desgosto,
para gostares de mim...
46
Não te causem sobressalto
maledicências terrenas!
-- Contemplando o mundo do alto
as coisas ficam pequenas...
47
Eu... você... nossos dois filhos...
-- Gosto tanto de quadrinhas
que do Lar fiz uma Trova,
sendo nós as quatro linhas...
48
Trovador, grande que seja,
tem esta mágoa a esconder:
a trova que mais deseja,
jamais consegue escrever...

49:
Dos atos meus de bravura,
o que teve mais valor,
foi perder minha ventura
na renúncia de um amor.

50:
Nas noites de lua cheia
como é bom a gente amar...
-As ondas beijando a areia...
E eu, na areia, a te beijar...


---***---


CADEIRA*37-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
37-ADELMAR TAVARES


"Oh linda trova perfeita",
que nos dá tanto prazer...
Tão fácil, depois de feita...
tão difícil de fazer!"

Sou jardineiro imperfeito,
pois no jardim da Amizade,
quando planto o amor perfeito,
nasce sempre uma saudade.

Se eu pintasse minha infância,
pintava: - num sol de estio,
a sombra de uma ingazeira
debruçada sobre um rio...

Eu vi o rio chorando,
quando te foste banhar,
por não poder, te banhando,
dar-te um abraço, e parar...

Não sei porque, quando canto,
por mais alegre a canção,
tem uma gota de pranto
que vem do meu coração.

Oh lindos olhos magoados,
de tanta melancolia...
- Da tristeza desses olhos
é que vem minha alegria.

Amar é obra perdida
mas, que dissessem, queria,
se não fosse amar na vida,
a vida, que valeria?!

As penas em que hoje estou,
disse-as ao Sol, - fez-se triste.
Disse-as à Noite, - chorou...
Disse-as a ti, e sorriste...

Não lamento a minha lida,
nem, pobre, choro os meus ais.
Quem tem um amor na vida,
tem tudo! Para que mais?

A saudade é uma andorinha,
que ao morrer do sol a chama,
as asas tristes aninha
no coração de quem ama ...

Duvido que alguém no mundo,
olhe sem melancolia,
uma vela no horizonte,
lá longe... no fim do dia...

Que tens tu, que és tão sombrio,
e hoje a rir, alegre, assim? ...
- Mal sabem que só me rio,
porque riste para mim .

Quem dera que minhas trovas
andassem pelos caminhos,
consolando os desgraçados,
dando pão para os ceguinhos ...

Ora a Vida! ... Deixa-a andar,
não queiras da vida ter
o que ela não possa dar,
nem tu possas merecer...

Eu vi o rio chorando,
quando te foste banhar,
por não poder, te banhando,
dar-te um abraço, e parar. . .

Ninguém se queixe da Sorte,
que Deus de ninguém se esquece.
Cristo nasceu para todos,
cada qual, como o merece...

Coração, fonte da Vida,
da vida a própria razão.
- E tanta gente eu conheço,
vivendo sem coração...

Trovas, trovas da minha alma!
Da vida quando eu me for,
sede o humilde travesseiro,
do sono de um sonhador.

Quando eu morrer, levo à cova
dentro do meu coração,
o suspiro de uma trova,
e o gemer de um violão.

Meu coração, pobre tonto,
que eu não entendo sequer,
fazes morrer quem te adora,
morres por quem não te quer!

Se eu pintasse minha infância,
pintava: num sol de estio,
a sombra de uma ingazeira,
debruçada sobre um rio.

Os búzios guardam das águas
do mar, os fundos gemidos.
- Assim fossem minhas mágoas,
guardadas nos teus ouvidos...

Por que, pela humanidade,
só o eu, soa e ressoa? ...
- É que há um sapo agachado,
dentro de cada pessoa.

Não quero na minha morte,
nem pompa, nem mausoléu.
Quero uma covinha rasa,
que abra os braços para o céu. . .

Na janela do teu quarto,
a luz da manhã transborda.
Bem-te-vis estão gritando:
Preguiçosa, acorda, acorda!

A inveja tem seu castigo,
Deus mesmo é quem retribui;
enquanto o invejado cresce,
o invejoso diminui...

A luz desse olhar tristonho
dos olhos teus, faz lembrar
essa luz feita de sonho
que a lua deita no mar.

A imagem de nossas almas
está nas águas profundas,
quanto mais tristes, mais calmas;
quanto mais calmas, mais fundas.

Vivo triste, triste, triste,
que mesmo nem sei dizer.
- Desconfio que é saudade,
que é vontade de te ver.

Um cego me disse um dia,
que Poesia, inspiração,
era uma lua nascendo,
de dentro do coração.

Sou nesta tarde da vida,
cheio de saudades minhas,
como um telhado de igreja,
todo cheio de andorinhas.

É nossa alma uma criança,
que nunca sabe o que faz.
Quer tudo que não alcança,
quando alcança, não quer mais

Não quero ouvir o teu nome,
nunca mais te quero ver!
- E passo a vida pensando,
a forma de te esquecer.

Quando vejo teu sorriso,
tudo se doira e aligeira.
Teu sorriso é na minha alma,
como o sol numa roseira.

Neste mundo, a certas vidas,
a morte seria um bem,
mas até a própria morte
se esquece delas também.

O laço de fita preta
dos teus cabelos, faceira,
parece uma borboleta
pousada numa roseira...

Só peço o dia em que eu morra,
faça uma noite de lua,
todo troveiro descante,
todo violão saia à rua!

Dizer adeus nada custa,
alguém me mandou dizer.
Mas quem diz que nada custa,
queira bem e vá dizer.

Tu vais passando, orgulhosa!...
Nunca vi soberba assim.
- Ai de ti, por tanto orgulho.
Por tanto amar-te, ai de mim! ...

Não se dá regras à trova,
que a trova regras não tem.
A trova é simplicidade,
ela vai, como nos vem...

Quem ri do poeta, não sabe,
o consolo que ele tem.
E o dia em que fosse triste,
faria versos também.

A morte não é tristeza,
é fim, é destinação.
- Tristeza é ficar vivendo,
depois que os sonhos se vão.

As penas em que hoje estou,
disse-as ao Sol, - fez-se triste.
Disse-as à noite - chorou.
Disse-as a ti, e sorriste...

Mãe, que meus versos incensam,
quando eu vim do mundo à luz
foi na cruz de tua bênção,
que eu vi a vida uma Cruz.

Saudade - doce transporte
da alma adejante e ferida...
- É viver dentro da morte!
- É morrer dentro da vida!

Para esquecer-te, outras amo,
mas vejo, por meu castigo,
que qualquer outra que eu ame,
parece sempre contigo.

Para definir o Poeta,
só mesmo em verso defino.
- É um homem que fica velho
com o coração de menino

Ó meu amor! Ó saudade!
- E eu não sabia que amor
era uma felicidade
disfarçada numa dor.

Quanto amor me prometeste!
- Nas tuas cartas, que ardor!
Depois ... tudo isto esqueceste,
- Coisas de cartas de amor...

Encerram certos sorrisos
tristeza tão singular,
que, em se vendo tais sorrisos,
dá vontade de chorar...

Eu falei da "flor morena"
e entrou a rir quem me ouviu.
- Quem nunca viu flor morena,
foi porque nunca te viu...

Quem tiver amor, esconda
faça por muito esconder,
que as coisas da alma da gente,
ninguém carece saber...

Todo rio na corrente,
busca um lago, um rio, um mar...
Mas o destino da gente,
quem sabe onde vai parar?

Do mundo quando te fores,
mais que outra glória qualquer,
deixa a sombra de tua alma,
num coração de mulher.

O perfume do teu lenço
trago comigo na mão.
Mas o cheiro da tua alma,
dentro do meu coração.

Grande dia, este meu dia,
dado por Nosso Senhor.
- De manhã, escrevi versos
De noite, vi meu amor.

Alguém já disse, e é verdade,
que o sentimento do amor,
ou se faz eternidade,
ou então, não é amor...

Proclamas teu amor-próprio,
se alguém te diz minha dor.
- Essa questão de amor-próprio,
é muito imprópria no amor...

Amar com ciúme... Quem ama?!...
Quem ama assim, desconfia...
- Mas quem tais coisas proclama,
se amasse, não nas diria.

Ó Mundo! Ó Mundo! Ó meu Mestre!
Muito me ensinas viver,
e quanto mais tu me ensinas,
mais eu vejo que aprender!...

Tu censuras de minha alma,
este alvoroço, este ardor...
Quem tem amor e tem calma,
tem calma... não tem amor...

Onde anda o corpo, é verdade,
vai a sombra pelo chão...
É assim também a saudade,
a sombra do coração.

Aos que me foram ingratos,
eu grato lhes hei de ser,
pelo bem que me fizeram
no bem que eu pude fazer.

Quando a trova nos transmite
seu feitiço singular,
a gente lê, e repete,
e depois, fica a pensar. .

Vou vivendo a minha vida,
como Deus quer e consente.
- Sou como a folha caída
levada pela corrente...

Trovas, - cantigas do povo,
alma ingênua dos caminhos
de lavradores. . . cigarras ...
mulheres... e passarinhos ...

De amor... Amor é infinito!
Do encanto do seu poder,
tanta coisa se tem dito!...
- E há tanta coisa a dizer...

Uma vez que a gente cante
dizendo o que o povo diz,
a trova fica contente,
a trova fica feliz. . .

Vi hoje uma árvore velha,
toda coberta de flor...
- E me lembrei de minh'alma,
cheia de sonhos de amor.

Que contraste tem a Sorte!
No mundo, que ingrata lida!
- A Vida chorando a Morte
E a Morte rindo da Vida...

Não lamento a minha lida,
nem, pobre, choro os meus ais;
- Quem tem um amor na vida,
tem tudo! Para que mais?

Sempre que a felicidade
passa no meu coração,
é como sobre um presídio,
a sombra de um avião.

Ardemos na mesma flama,
sofrendo da mesma Dor!...
- E é isso que a gente chama
felicidade de amor...

Já lá vai morrendo o dia,
e hoje ainda não te vi.
- O dia em que não te vejo,
é dia que não vivi...

Tua mãozinha morena,
se a tomo, tenho a impressão,
de uma rolinha cabocla
dormindo na minha mão

Trova que vens novamente
encher o meu coração,
- Sé bendita, luz divina,
amor de consolação.

Nem sempre com quatro versos
setissílabos, a gente
consegue fazer a trova;
faz quatro versos somente.

Tristeza! Minha tristeza!
Doce amiga dos meus ais.
Só de ti tenho a certeza
que não me abandonarás...

A dor que em prantos rebente,
dói, mas pode consolar...
- Mas a dor que a gente sente
de olhos secos, sem chorar?!

Minha camisa velhinha,
lavada à flor de melão,
tira-me o peso da vida,
faz-me leve o coração.

Há nos teus olhos escuros,
o escuro da Ave-Maria.
Desconfio que teus olhos,
são os de Santa Luzia...

Seria a glória das glórias,
se um dia alguém me dissesse,
ter chorado neste mundo,
lendo um verso que eu fizesse.

Nunca vi dizer ser pobre
quem come em paz o seu pão,
quem toca sua viola
sem peso no coração

Dos meus avós portugueses,
de certo ninguém duvida,
trouxe este amor pela trova,
que hei de trazer toda a vida.

O sol é que faz o trigo;
e o trigo, que faz o pão.
Mas se o trigo se faz hóstia,
faz-se sol no coração ...

A Ventura que hei buscado
pela Vida, sempre em vão,
que vezes não tem passado
à altura de minha mão! ...

Duvido que alguém se deite,
no embalo que a rede tem,
e pegue logo no sono,
sem pensar em quem quer bem...

Sou jardineiro imperfeito,
pois no jardim da amizade,
quando planto um amor-perfeito,
nasce sempre uma saudade. . .

Depois que, Mãe, te partiste,
como uma Santa em seu véu,
o céu que eu via tão longe,
ficou mais perto, e mais céu...

Minha viola, meu cavalo,
a lavoura dando flor,
Maria, dentro de casa ...
- Louvado seja o Senhor!

Dos desertos deste mundo,
sei do mais desolador
- Uma alma sem esperança?
- Um coração sem amor...

Dizem que há mundos lá fora,
que eu nem sonho... Nunca vi...
- Mas que importa todo o mundo,
se o meu mundo é todo aqui?!

Teu cego de caridade,
chora não te conhecer,
e a minha infelicidade
foi ter olhos e te ver...

Alguém pede que lhe ensine,
a fazer versos também,
viva e sofra, ame e padeça,
e espere que o verso vem...

Mesmo nos jardins da vida,
desde a minha meninice,
nunca alcancei uma rosa,
que o espinho não me ferisse.

Essa tua boniteza,
não tem, no mundo, rival.
- Pastora da minha Festa,
- Meu presépio de Natal!

Depois de mandar-te embora,
foi que - cego! - percebi,
que eras a felicidade,
que eu tinha em mão, e perdi.

Lindo luar no céu flutua...
Ao violão, canto os meus fados,
que Deus fez noites de lua
para os que são namorados.

Não sei por que, quando canto
por mais alegre a canção,
tem uma gota de pranto,
que vem do meu coração.

Ó lindos olhos magoados,
de tanta melancolia.
- Da tristeza desses olhos,
é que vem minha alegria.

Sei que amor é sofrimento,
custa a vida querer bem,
mas custa o dobro da vida,
na vida não ter ninguém.

Se Cristo nasceu pra todos,
sua luz a todos vem.
Vive o rico na riqueza,
mas vive o pobre também...

Não há riqueza que valha
um coração de mulher...
Que eu por um, vivo os meus dias,
e todos que Deus me der.

Ó quaresmeira viuvinha,
toda coberta de flor!
Quando a viuvinha se enfeita
é que pressente outro amor.

Sempre que alguém abre os braços
para amparar uma dor,
luz nesses braços abertos
a cruz de Nosso Senhor.

Os "anjos da guarda" gostam
da rede dos pobrezinhos,
que dormem a sono solto,
ao Deus dará, nos caminhos

Onde anda o corpo é verdade
que a sombra vai pelo chão:
- é assim também a saudade;
- a sombra do coração.
---***---


CADEIRA*38-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
38-LILINHA FERNANDES


Do pomar da poesia,
os frutos que você trouxe,
coube à trova a primazia
por ser menor e mais doce.

Desejei fogo atear
ao mundo por onde trilho,
vendo uma cega indagar
como era o rosto do filho.

Tua ironia maldosa,
do amor não me, apaga o lume:
Procura esmagar a rosa,
vê se não fica o perfume.

Feliz nunca fui! Sem crença,
procuro a felicidade,
Como o cego de nascença
que quer ver a claridade.

"Que levas tu na mochila?"
Diz ao corcunda um peralta.
E o corcunda: - "A alma tranqüila
e a educação que te falta."

Quando tu passas na estrada,
dentro de casa adivinho:
é teu passo uma toada
musicando teu caminho.

São meus ouvidos dois ninhos
onde guardo, ao meu sabor,
um bando de passarinhos!
- Tuas mentiras de amor.

Na velha igreja te ouço
sino alegre ... Estás dizendo
que há muito coração moço
em peito velho batendo.

Eu não bebia... te juro!
Beijei-te, então, podes crer:
foi teu beijo, vinho impuro,
que me ensinou a beber.

Se ouvisse o homem da terra,
de Deus o conselho amigo,
em vez de campos de guerra
faria campos de trigo.

Velho em trajes de rapaz
dá a impressão, diz o povo,
de um livro antigo demais
encadernado de novo.

Que o mundo acabe, no fundo,
não me causa dissabor,
pois vivo fora do mundo,
no meu mundo de amor.

Amanhece... Vibra a terra!
O sol que em ouro reluz,
sai da garganta da serra
como uma trova de luz.

Vejo teu rosto, formosa,
e o corpo - graça profana -
como se visse lima rosa
num jarro de porcelana.

Chorei na infância insofrida
para na roda ir cantar.
Hoje, na roda da vida,
eu canto pra não chorar.

No trabalho em que me escudo,
lutando para viver,
tenho tempo para tudo,
menos para te esquecer.

O mar que geme e palpita
no seu tormento profundo,
é uma lágrima infinita
que Deus chorou sobre o mundo.

Minha netinha embalando,
da alegria sigo os passos.
Julgo-me o Inverno cantando
com a Primavera nos braços.

A modéstia não se ostenta,
se esconde e é pressentida:
a presunção se apresenta
e passa despercebida.

Dei-te amor sem falsidade.
- Uma floresta de amor!
E tu, só por crueldade,
te fizeste lenhador.

Sofres no céu, Mãe querida,
sentindo, ao ver minha sorte,
que me pudeste dar vida
e não me podes dar morte!

Minhas netas, sempre rindo,
são meu alegre evangelho.
Musgo verde revestindo
de esperança, um muro velho.

A Inveja dorme na rede
da Injustiça, sua amiga;
do Mal se alimenta, e a sede
mata na fonte da Intriga.

Sempre a tristeza se espanta
e se amenizam cansaços,
tendo trovas na garganta
e uma viola nos braços.

Quem não tem ouro disperso,
nem prata velha na mão,
paga com o níquel do verso
as contas do coração.

Partiste ... Ficou-me n'alma
tua voz suave e pura...
- Ave a cantar sobre a calma
da mais triste sepultura.

A aurora corou de pejo
naquele claro arrebol,
sentindo na face o beijo
da boca rubra do Sol.

Num vôo de pomba mansa,
quisera ir ao céu saber
qual o crime da criança
que é condenada a nascer.

Ao amor fiel, que não minta,
a palavra injuriosa
é como um borrão de tinta
manchando tela famosa.

É assim a boca do mundo
que vigia nossas portas:
esconde nossos triunfos,
propala nossas derrotas.

Se te vais, que dor imensa!
Mas se vens, meu grande amor,
ante a tua indiferença
cresce mais a minha dor.

Que eu tive felicidade,
minha saudade vos diz,
pois só pode ter saudade
quem já foi multo feliz!

O tempo passa voando ...
Mentira, posso jurar.
Se estou meu bem esperando,
como ele custa a passar!

Amei e não fui amada...
Minha alma encheu-se de dor.
E fui tão desventurada
que não morri desse amor.

Como é um facho de luz,
fosse de madeira a trova,
eu mesma faria a cruz
que irá marcar minha cova.

A um cego alguém perguntou
vendo-o só: - Que é de teu guia?
E ele sorrindo mostrou
a cruz que ao peito trazia.

Abelha que o favo, prova
é o trovador - velho ou novo
fabricando o mel da trova
que adoça a boca do povo.

Pra que acender a candeia
da minha choça? Pra quê?
Basta a luz que me incendeia
que há nos olhos de você.

A cordilheira hoje à tarde,
de um verde claro e bonito,
era um colar de esmeraldas
no pescoço do infinito.

Sua cruz que eu sei pesada,
minha mãe leva sozinha.
Mesmo assim, velha e cansada,
me ajuda a levar a minha.

Minhas trovas sem beleza,
se as dizes, são divinais!
Só por isso, com certeza,
elas serão imortais.

Que bom quando todos deixam
na casa o silencio agir,
e os dedos do sono fecham
meus olhos, para eu dormir.

Por te amar de alma inditosa,
não quero paga nenhuma:
o vento desfolha a rosa,
mesmo assim ela o perfuma.

Morreu o abade. O terror
do pecado, o clero invade:
era uma trova de amor
o escapulário do abade.

Minha casa pobre, é rica!
Mesmo no escuro tem brilhos;
porque o amor a santifica,
porque a iluminam meus filhos.

Num beijo fez imortal
o nosso amor sem ressábios:
um romance original
escrito por quatro lábios.

A trova é a alma da gente
desventurada ou feliz.
Em quatro versos somente,
quanta coisa a gente diz!

Vida e morte vão andando
no mesmo campo a lutar.
A primeira semeando,
para a segunda ceifar.

Pra que eu te esqueça, não tenhas
confiança em teu desdém:
quanto mais de mim desdenhas,
quanto mais te quero bem.

De idéias velhas ou novas,
eu faço trovas também.
Quem gosta de fazer trovas,
nunca faz mal a ninguém.

Não me odeias nem me queres...
Meu Deus! Que tortura imensa!
Mais do que o ódio, as mulheres
detestam a indiferença.

Da morta felicidade
guarda a saudade dorida,
pois quem tem uma saudade
tem muita coisa na vida.

Não peço um prazer sequer
à vida que à dor se iguala.
Já faz muito se me der
coragem pra suportá-la.

Eu canto quando a saudade
me fere com seu desdém.
O canto é a modalidade
mais bela que o pranto tem.

A definição exata
do remorso, está patente:
fino punhal que não mata
mas tira a vida da gente.

Para rimar com teu nome,
que é do céu a obra-prima,
mãe, não existe um vocábulo!
Nem mesmo Deus achou rima.

Saudade é assim como fado
lembrando quem vive ausente:
é um suspiro do passado
Na garganta do presente.

Meu amor foi acabando ...
Mas a saudade chegou:
chuva boa refrescando
o chão que o sol causticou.

És de beleza um portento,
no perfil, nas formas puras.
Mas beleza sem talento
é um palácio às escuras.

No meu viver triste e escuro,
na minha sede de amar,
és aquele que eu procuro
e não me quer encontrar.

Meus filhos! ... Minha alegria!
Dentro da minha pobreza,
nunca pensei ter um dia
tão opulenta riqueza!

Pensei fazer um feitiço
para esquecer-te, mas vi
que de tanto pensar nisso
é que penso mais em ti.

Nunca maldigas teu fado.
Confia em Deus, firmemente.
O arvoredo mais copado
já foi humilde semente.

Mãe: nem um tálamo nobre
esquecerei, sem mentir,
aquele bercinho pobre
que embalavas pra eu dormir,

Todo amante, em sua lida,
o espinho chama de flor,
porque a verdade da vida
é a mentira do amor.

Mãe: por mais que um filho aprenda,
sempre esquece que sois vós
a única fonte de renda
que paga imposto por nós.

Quem é do dever escravo
e não faz coisas a esmo,
pode dizer que é um bravo
e o próprio rei de si mesmo.

Embora em própria defesa,
é réu quem vidas destrói.
Mas na guerra, que tristeza!
quem mata se chama herói.

Na tua fronte bendita
dei um beijo, mãe querida!
Foi a trova mais bonita
que já fiz em minha vida.

Do nosso amor acabado
não pode esquecer a gente,
porque a saudade é o passado
que nunca sai do presente.

em vive em casa ou nas ruas,
chagas alheias curando,
nem se apercebe que as suas
foram sozinhas fechando.

Felicidade... Sonhá-la
é um mal de fundas raízes.
O desejo de encontrá-la
é que nos faz infelizes.

Manhã. O Sol é um botão
de fina prata dourada,
abotoando o roupão
todo azul da madrugada.

Esperança, és bandoleira,
mas és também sol doirado,
de luz a única esteira
na cela de um condenado.

Há muita gente cativa
neste mundo, como eu,
que vive porque está viva,
no entanto, nunca viveu.

Quem - seja nobre ou plebeu -
no Bem sua vida encerra,
sem estar dentro do céu,
está acima da terra.

De vergonha não se peja
quem em sua última viagem,
o ódio, o Remorso e a Inveja
não leva em sua bagagem.

Cantas! Minha alma te aprova
e eu choro - que coisa louca!
querendo ser uma trova
para andar em tua boca.

Lua e Saudade - rendeiras
da dor que com a ausência vem,
se vós não sois brasileiras,
pátria não tendes também.

Pra quem é mãe não existe
bem de mais funda raiz,
que o de viver sempre triste,
mas ver seu filho feliz.

"A traição é a própria vida."
É a violeta que assim fala,
porque se esconde e é traída
pelo perfume que exala.

Chamas-me louca e eu não chamo
infamante a tua boca.
Quem ama como eu te amo
é muito mais do que louca.

Para ingratos trabalhando,
de santo prazer me inundo,
pois, perdendo vou ganhando
a maior glória do mundo.

O vento que atro zunia,
queria a noite açoitar;
e a noite, calma, dormia
no regaço do luar.

O amor que brinca com a sorte,
que é sempre chama incendida,
é o que vai além da morte!
- Não há dois em toda a vida!

Procurar-te, eu? que loucura!
Olha, eu te vou confessar:
de mim mesma ando à procura
e não consigo me achar.

De Cornélia, as jóias caras,
vêm ao pensamento meu
quando vejo outras mais raras;
as netas que Deus me deu.

Esses teus olhos rasgados,
muito azuis, muito leais,
são miosótis deitados
em vasos originais.

Podem subir os felizes!
Agarro-me ao solo, em festa.
- Se não fossem as raízes,
que seria da floresta?

Do orgulho, conforme vês,
tenho opinião formada:
é a senhora estupidez
com presunção de educada.

Pela saudade ferida,
minha musa se renova!
E eu abro o livro da vida
e escrevo nele uma trova.

Se o bem não podes fazer,
o mal não faças também,
que o bem já faz sem saber,
quem não faz mal a ninguém.

É a trova, em seu natural,
mordaz, alegre ou dolente,
lindo trecho musical
de quatro notas somente.

Do violão o segredo
de imitar os passarinhos,
é já ter sido arvoredo
e abrigo de muitos ninhos.

Dizem que o amor é feitiço,
é mágoa, alegria e dor.
- Mas se amor não fosse isso,
que graça teria o amor?

Sem ti, que treva cerrada
pelos caminhos que trilho!
Sou como a Lua apagada
que, sem o Sol, não tem brilho.

Morre o poeta. Em oração
se escutam vozes bizarras.
- É a missa que as cigarras
celebram por seu irmão.

Se a trova faz suicidas,
não sou eu quem a reprova.
- Vale uma trova mil vidas!
Não vale a vida uma trova!

Noel exclamou pesaroso
vendo a cidade: - Jesus!
Quanto cartaz luminoso
e quanto teto sem luz!

Quisera, de idéia nova
de teu amor presa aos laços,
fazendo a última trova,
morrer feliz em teus braços.
101-
Quando deixaste a cidade,
vi, -na fumaça do trem,
triste lenço da saudade,
a dizer-me adeus, também.

--***---

CADEIRA*39-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
39-JOÃO RANGEL COELHO

Ciumento, com fúria louca,
ás vezes penso, - afinal,
que beijas na minha boca
a boca de um rival.

---***---

CADEIRA*40-PATRONO NA
ACADEMIA MINEIRA DE TROVAS/BH/MG/BRASIL:
40-CARLOS GUIMARÃES

Dei-te, amor, e não sei
como aquilo aconteceu,
pois nunca mais encontrei
outro beijo igual ao teu.

Toda essa dor que me invade
e, constante, me angustia,
se não chega a ser saudade
é bem mais que nostalgia...

As roseiras tão vaidosas,
quando vens me visitar,
deitam pétalas de rosas
nas pedras que vais pisar.

---***---

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